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O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas (filme x livro)



Finalmente pude terminar a leitura de "O Conde de Monte Cristo", este grandioso clássico francês de autoria de Alexandre Dumas. Quando digo finalmente, não é por ser uma leitura penosa, muito pelo contrário, mesmo sendo um calhamaço de 1304 páginas (Martin Claret), a obra é instigante e emocionante do início ao fim. 


Dumas constrói grandes diálogos, que conversam com a filosofia, as artes, que referenciam diversas outras obras, da mitologia a Shakespeare. Muito inteligente e perspicaz, assim como os seus personagens, especialmente aquele que dá nome à obra. 


Hoje, farei uma resenha um pouco diferente, será mais um paralelo entre a adaptação cinematográfica de 2002 (meu primeiro contato com essa obra de Dumas) e o livro, citando 05 modificações pontuais que foram feitas. Portanto, haverá alguns spoilers, hehe. Se você assistiu a alguma versão cinematográfica e ainda não leu o livro, aconselho firmemente que você leia antes de acompanhar a minha resenha, pois acredite, algumas adaptações alteraram acontecimentos bem importantes da história. 


Sem mais delongas, simbora.




O Conde de Monte Cristo é uma clássico atemporal e que deixou um grande legado cultural, sendo inspiração para muitas outras obras e sendo diversas vezes adaptado para outras formas artísticas, especialmente cinema. Meu primeiro contato com a obra foi com a adaptação de 2002 dirigida por Kevin Reynolds e tendo Richard Harris (R.I.P.), Jim Caviezel, Guy Pearce, Dagmara Domińczyk e um jovem Henry Cavill no elenco. Quando assisti esse filme, foi amor à primeira vista, ele entrou imediatamente nos meus favoritos e sempre tenho vontade de revisitá-lo, sem contar que foi  para mim o fio condutor para a obra original. 


Mas agora, com a leitura do livro, fica aquela sensação de... "o que o Reynolds fez com a obra de Dumas". Adaptações são sempre difíceis de se fazer e sempre serão comparadas com a obra original, ainda mais se tratando de calhamaços, então é esperado e justificável que certos acontecimentos não sejam adaptados, mas nesta versão de Reynolds, muitos acontecimentos foram modificados e personagens importantes ficaram de fora. Tentarei não ser a chata que fica macetando a adaptação, haha, até porque, apesar de todos os pesares que irei pontuar, eu ainda amo o filme de 2002, ele sempre terá um lugar especial no meu coração. 




O Dantès de Jim Caviezel e o Fernand de Guy Pearce são melhores amigos na adaptação de 2002, mas na obra de Dumas, eles não possuem qualquer relacionamento. Na verdade, Fernand é apenas um primo de Mercedès. Os rapazes se conhecem pouco antes dos acontecimentos que levam à prisão de Dantès. Confesso que eu gosto da versão cinematográfica, por ter esse vínculo mais profundo entre os personagens, uma amizade que se tornou inimizade, muito regada à inveja e ódio que o Fernand sentia pelo Edmond. 






Quando retorna de viagem, Dantès é logo nomeado como capitão da embarcação Faraó, já que o antigo havia falecido. Sua felicidade era tamanha, que ele decide então adiantar seu casamento com Mercedès — e é aí que as coisas começam a dar errado. A felicidade de Edmond incomoda algumas pessoas, como: o já conhecido Danglars — invejoso contador do Faraó. 2. Fernand Mondego, o primo apaixonado de Mercedès 3. Caderousse, um alfaiate e locatário do imóvel em que Edmond morava com seu pai. 


O Caderousse é a quarta pessoa que acaba não aparecendo na adaptação de 2002, mesmo sendo muito importante para a história. O contexto da conspiração é o seguinte: ela se dá em uma mesa de bar: Caderousse e Danglars estavam jogando conversa fora, até que o nome do Edmond surgiu e eles começaram a falar sobre ele, como estava soberbo, isso e aquilo. Então, Danglars, maldoso e astuto, começou com a sujeirada, ainda mais depois de Fernand se juntar à mesa. Ele começa a falar sobra a carta que Dantès trouxe da Ilha de Elba, vai persuadindo Fernand, e escreve uma denúncia com a mão esquerda acusando Edmond de traição/bonapartismo. 


Depois, na hora de ir embora — e com Caderousse bêbado e contrariado com a denúncia , ele simplesmente joga a denúncia no chão, esperando que Fernand a pegasse e entregasse às autoridades:  — e dito e feito.


A outra pessoa, que na verdade não participa da conspiração, é 4. Gerard de Villefort, um procurador em ascensão. Apesar de não fazer parte da conspiração, acaba sendo ele que, efetivamente, tira a liberdade de Dantès  e para benefício próprio, já que a carta comprometedora que Edmond estava portando, era endereçada à Noirtier de Villefort, pai do procurador. 





Uma das coisas mais legais de O Conde de Monte Cristo são as múltiplas personalidades que Edmond assume, e que o ajudam a realizar seus planos e fazer a justiça. Sua personalidade mais conhecida é a do Conde de Monte Cristo, que é como ele se apresenta na sociedade parisiense, esse cara abastado, inteligentíssimo, culto e misterioso. 


Ele frequentemente também assume a identidade de um religioso italiano conhecido como Abade Busoni e de um inglês abastado chamado Lorde Wilmore. Para ambas personalidades, ele utiliza disfarces, então as pessoas não percebem que são todos um só. Sua última personalidade, Simbad, o Marujo, é de conhecimento de algumas poucas pessoas, mas ele não faz questão de esconder esta. 




É de se esperar que um livro tão grande como "O Conde de Monte Cristo", tenha muitos personagens. Acontece que na adaptação de 2002, personagens bem importantes ficaram de fora, personagens que estavam envolvidos em grandes arcos e até plots. Para introduzir alguns destes personagens e sem dar muito spoiler, irei comentar o arco do qual eles fazem parte.


O arco do Caderousse envolve um personagem muito importante chamado "Benedetto". Benedetto é um camarada muito importante para a trama como um todo, aliás.  


Já no arco do Fernand Mondego, temos a "Haydée", uma jovem que vive com o Conde de Monte Cristo como uma espécie de "protegida". Ela tem um passado diretamente ligado ao Fernand Mondego, e esse passado é um segredo bem cabeludo. 


O arco do procurador Gerard de Villefort é bem complexo e extenso e, na minha opinião, simplesmente o melhor. O melhor arco e o melhor plot. Seu arco tem personagens de importantes famílias, como a Morrel e a Danglars. Os personagens que mais importam para o desenrolar de sua trama são Maximilien Morrel,  Franz D'Epinay, Hermine Danglars, Benedetto e os integrantes de sua própria família: o pai Noirtier, a filha Valentine, a esposa Hélouise e o filho caçula ÉdouardSó de olhar para essa descrição, já dá para perceber que muitos nomes ficaram de fora da adaptação de 2002 (e o plot do procurador Villefort é ABSOLUTE CINEMA). 


Assim, finalizando com o arco do banqueiro Danglars, temos sua própria família: Hermine Danglars, sua esposa, e Eugènie Danglars, sua filha; Temos também o famoso Benedetto e o perigoso bandido italiano Luigi Vampa. Albert também faz parte, mas é um personagem que está na adaptação de 2002. 


Não entrarei em detalhes sobre como esses personagens atuam nos arcos ou plots, mas, posso dizer que a falta desses personagens compromete e muito a narrativa. Não surpreendente, as vinganças na versão de 2002 acabaram sendo diferentes daquelas retratadas na obra original.




Pois é, família. Albert de Morcerf é realmente filho de Fernand Mondego. Lembro de eu ficar esperando a revelação enquanto eu lia o livro, mas ela não veio. Em dado momento da trama, a Mercédès abre o jogo com o Conde, revelando que sabe que ele é na verdade Edmond, mas é somente isso. 

Aliás, nada de final romântico entre Dantès e Mercédès.




Esse foi um papo bem descontraído e nada profundo sobre o livro "O Conde de Monte Cristo", essa obra magnífica de Alexandre Dumas.


Apesar de eu ter comparado muito com a obra de 2002, eu ainda gosto muito dela e tenho um carinho especial. Hoje, não considero-a uma adaptação, e sim, quem sabe, uma inspiração? Haha, já que mudaram muitas coisas. 


Todavia, se você quiser assistir uma adaptação que seja o mais fiel possível à obra original de Dumas, recomendo fortemente a versão de 1979 "Le Comte de Monte-Cristo". É uma minissérie, então houve um prazo maior para desenvolver a narrativa e pessoalmente falando, acho que não há formato melhor. Um filme não é suficiente.





Ainda, agora em 2024, está previsto o lançamento de uma nova versão para o cinema e ela está sendo dirigida pelo "Alexandre de La Patellière", filho do diretor da excelente versão de 1979. O filme estreará em solo brazuca em dezembro deste ano. 


E enquanto isso, caso a gente não se veja, bom dia, 

boa tarde e boa noite









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