Em 2024 eu descobri séries incríveis, assisti outras não tão incríveis assim e me decepcionei com outras que eu já gostava. Uma delas se tornou, definitivamente, uma das minhas séries favoritas da vida, outra foi uma grata surpresa.
Enfim, não irei me prolongar muito, mas já adianto que não será uma resenha profunda, até porque eu esqueço as coisas com o tempo, haha, não lembrarei de detalhes suficientes para discorrer profundamente sobre as séries. Dito isto, simbora (e com spoilers).
Tudo (ou quase tudo) que a HBO toca vira ouro (Midas Touch?). Succession é aquele tipo de série que vai te arrancar um risinho, mas que também vai te deixar desconfortável, emocionado, reflexivo, puto, eufórico... Succession é uma dramédia das excelentes. Segue a vida de Logan Roy, esse homem emblemático que construiu um império familiar e que passa pelo dilema da sucessão desse império: qual de seus 04 filhos deveria ficar à frente de sua companhia altamente influente e milionária?
Então entramos na vida dessa riquíssima família, e consequentemente, nos seus problemas familiares e pessoais, porque, amigos, essa família é caótica. Os 04 filhos são quebrados em algum nível, e você começa a entender o porquê ao conhecer mais o patriarca da família e também a mãe de seus últimos três filhos. Não quero entrar muito no assunto, mas o Logan é tenebroso: ele é complicado, manipulador e desperta a insegurança e a competitividade entre os próprios filhos, toda hora está jogando com eles, e vale dizer que ele não está ligando muito para as consequências. Eu irei papear um pouco sobre cada um dos filhos, e já adianto que não é minha intenção metaforar ou diagnosticar personagem, eu não tenho conhecimento para tal, estou apenas dizendo minhas impressões como telespectadora, bem de boa, sem compromisso, rs.
Connor é o filho mais velho, fruto do primeiro casamento, e ele é meio desconectado da realidade — o que o faz ser muito carismático, sem contar que ele não liga muito para a sucessão da companhia do pai —. Algo a pontuar sobre ele, é como ele é muito passivo com as atitudes do pai, sempre permanecendo ao lado dele, apesar de tudo, como por exemplo, ser o filho mais velho e nunca ser considerado como sucessor.
Roman é o filho caçula, até onde sei, e ele é um personagem complexo. Ele faz piadas sexuais o tempo todo, ele parece ter algum distúrbio nesse sentido, mas no fim, ele acaba sendo uma pessoa muito carente e manipulável. Ele não firma com ninguém e tem uma estranha ligação com a Gerri, algo meio masoquista. Ele também é um filho submisso ao pai, ele é aquele filho para qual o Logan corre quando precisa virar o jogo, porque o Roman é simplesmente manipulável.
Shiv... A Shiv é facilmente a personagem que mais detesto em Succession. Eu poderia simplesmente dizer que ela é escrota (acredito firmemente nisso), mas ela é, assim como os outros irmãos, uma personagem complexa.
Pois bem, ela tem problemas com a mãe, dá para perceber que ela sente falta dessa figura materna e ao mesmo tempo não quer ser como ela. E, apesar de ter uma postura de mulher forte e independente, ela precisa da validação do pai. Por ser mulher, ela não tem esperanças de ficar à frente da companhia, até receber a proposta do Logan. Neste momento, temos aquela virada de chave na personagem, que começa a ter mais nuances.
A Shiv se casa com uma opção segura, que ela não necessariamente ama, porque sabe que ele não vai a abandonar (como a mãe e o pai fazem). No decorrer da história, ela realmente se torna uma personagem muito importante para a trama, mas muito egoísta também. Ela só pensa nela, então em muitos momentos ela acaba sendo manipuladora e falsa. Eu detesto a Shiv e nunca vou perdoar o que ela fez com o Kendall na season finale. No fim ela acabou se tornando a mãe dela.
Kendall é meu protegido e irei defendê-lo sempre. O Kendall é o mais diplomático dos irmãos, é carismático, inteligente, se comunica bem, se porta bem, é quem mais conhece e se dedica à empresa, mas ele tem um passado complicado envolvendo o vício em drogas. Ele também acaba sendo um cara sensível, às vezes inseguro, e ele tem altos e baixos. Como o Logan diz, Kendall é seu "filho número 01" (embora seja mais novo que Connor), e logo, é seu sucessor mais óbvio. Porém, seu pai é muito imprevisível e os dois entram em uma guerra que dita o rumo de toda a série. Ele diz que o Kendall será o CEO, depois diz que não será, depois diz que será, e nesse meio tempo vai usando os outros filhos de muleta. O Kendall é um personagem com muitas nuances, ele faz burradas sim, ele não é santo, mas é aquele tipo de personagem que faz você querer torcer por ele. Ele consegue ser super foda, mas também se permite ser frágil. Ele defende e ama seus irmãos, está sempre tentando dar o seu melhor e ainda é cool, porque o mano Kendall é rapper, família! L to the OG.
Enfim, eu poderia falar sobre Succession por horas, afinal, é a minha nova queridinha, sendo, portanto, a série favorita que comentei antes. Essa série é magnífica do início ao fim, tem um elenco absurdo, e tem uma abertura que é pura arte. Queria finalizar dizendo que a morte do Logan foi bem impactante, a direção foi muito sagaz na forma como conduziu a cena, porque pegou os telespectadores de surpresa. Ainda, queria mais uma vez dizer que a Shiv é uma @#$%%@@ e que foi imperdoável o que ela fez: os irmãos estavam bem, cara, eles tiveram uma reunião e um acerto incrível, mas ela só pensou nela, para variar. Kendall, você é e sempre foi o number one.
1000/10.
A primeira temporada de House of the Dragon foi incrível e deu aquela sensação de GOT que todos amávamos. O ritual de sentar no sofá aos domingos à noite e esperar o lançamento do episódio é incrível. Todavia, experienciar essa segunda temporada foi desanimador. Sendo bem sincera, eu tinha a intenção de resenhar essa temporada aqui no Cantinho, mas fiquei com medo de ser queimada em praça pública, rs. Eu não entendo o conceito de você achar uma história incrível, querer adaptar ela para a TV e simplesmente sair desfigurando toda a obra. Isso é um crime. Como diria George R. R. Martin:
"[...] Não importa quão importante seja o escritor, não importa quão bom seja o livro, sempre parece haver alguém por perto que pensa que pode fazer melhor, ansioso para pegar a história e ‘melhorá-la. [...] Eles nunca melhoram as coisas, no entanto. 999 vezes em mil, eles pioram a situação".
É sobre isso, sabe? Os roteiristas tentam fazer modificações achando que vão melhorar a história, mas isso não acontece. A direção de HOTD tinha uma única missão: adaptar um livro, uma história, que está PRONTA. Não é como GOT que falta dois livros para lançar, a parte do Fogo & Sangue que cobre a Dança dos Dragões está completa. Logo, já deu para entender que meu descontentamento são com as modificações. Veja bem, modificações bem pontuais eu até entendo, mas destruir obras, enredo e personagens, não. O próprio Martin ficou puto com tudo isso e fez aquele post descascando as mudanças que os roteiristas fizeram e explicando como isso causará um efeito borboleta bem chato lá na frente.
Sim, eu não gostei da ausência do Maelor. Sim, eu não gostei de terem introduzido um romance entre Alicent e Criston Cole, ainda mais em sequência a uma cena forte como a de Sangue & Queijo (e sendo que a Alicent, no livro, presenciou o assassinato do menino Jaehaerys). Sim, eu não gostei da transformação do Aemond, fazendo ele tentar assassinar o próprio irmão. Sim, eu não gostei da ideia ridícula de fazer a Rhaenyra ir até King's Landing sozinha, em meio a guerra. Sim, eu não gostei da Alicent ir até Dragonstone, no mesmo contexto, e ainda por cima, entregar a cabeça dos filhos e do irmão de bandeja para a Rhaenyra.
Cara, tem outras mudanças, por exemplo, a Helaena que simplesmente se virou contra a família, que nem parece que perdeu um filho assassinado (e aqui tem um pouco do efeito borboleta, já que no livro, ela enlouquece e se sente culpada justamente pela figura do Maelor, que, ora ora, foi cortado da série). Os roteiristas cortaram personagens importantes e massacraram a personalidade e motivações de personagens centrais da trama, deixando a Rhaenyra boazinha demais, o Aemond vilanesco demais, o Aegon um tapado, a Alicent uma adúltera que não se importa com os filhos, enfim, N coisas. O que torna muitos dos personagens das Crônicas interessantes, é justamente a dualidade, o aspecto moralmente cinzento, mas em HOTD os personagens são pretos ou brancos, eles traçaram claramente a linha de mocinho x vilão.
Não irei comentar muito mais, porque não quero dar spoilers do livro, mas não vejo melhoria para essa série, até porque, segundo o Martin, há mudanças piores a caminho. Enfim, virou fanfic. O que sobra é o ótimo CGI, o up que o Aegon teve, e algumas boas sequências (Pouso de Gralhas no geral, Semeadura no geral, e algumas sequências de Harrenhal, porque sim, adoro essa parte mística das Crônicas).
6/10
Yes, Chef, saindo uma série incrível e caótica pra já. The Bear é uma série simples, mas ao mesmo tempo bem singular e marcante. Sempre ouvi falar sobre ela e ela me surpreendeu de verdade. É uma série de drama, tem seus momentos caóticos e melancólicos, mas também tem sua pitada de leveza e humor. O elenco é excelente, eu conhecia somente os atores mais veteranos, como a Olivia Colman e o Bob Odenkirk, mas agora tenho meus desconhecidos queridinhos, haha. Percebi que foi o ano dos Jeremys, pois amo o Jeremy Strong (Kendall Roy) e agora o Jeremy White :D
Enfim, série muito bem dirigida e com uma trilha sonora absurdamente boa e que eleva muito as cenas, cara. Me senti nostálgica ao escutar Tonight, Tonight, me senti representada ao escutar Cocteau Twins e morri ao escutar Disarm. Ainda, tenho dois achados musicais que levarei para sempre no meu coração: Oh My Heart do R.E.M. e Last Train Home do John Mayer.
Falando sobre a série em si, os personagens trabalham em um local estressante, a cozinha de um restaurante, e ainda lidam com dilemas internos. São personagens bem humanos, com traumas, medos, inseguranças, falhas, mas também com qualidades, sonhos... e vontade de fazer dar certo. Nosso protagonista é o Carmy, um jovem chef muito talentoso e inseguro. Ele cresceu em uma família caótica, sofreu muito na mão de um antigo supervisor tóxico e recebe de herança o restaurante desordenado do então falecido irmão (que diga-se de passagem, se matou). Ele precisa assumir o restaurante pouco tempo após a morte do irmão, fazendo com que ele não vivencie o seu luto.
Os outros personagens também têm destaque, a Syd em busca desse local onde ela possa ser a chef que sempre quis, o Marcus se tornando um grande confeiteiro e superando seu luto, o Richie encontrando um propósito, o background da Tina, a Sugar engravidando e se entendendo com a mãe, enfim, The Bear abre espaço para todos brilharem. Eu amo tudo nessa série, eu fiquei apreensiva em muitos momentos (alguns episódios, como o do jantar de natal), também feliz e emocionada. Porém eu tinha um pensamento sobre o Carmy, que acabou caindo por terra na terceira temporada (infelizmente).
Eu achava incrível que o Carmy não replicava com a equipe dele, os comportamentos horríveis que o seu antigo chef teve com ele. Esse chef era super tóxico com o Carmy, sempre diminuindo-o e fazendo ele duvidar de si mesmo. Na primeira temporada temos um Carmy muito compreensivo com a equipe, construindo um ambiente bem respeitoso e agradável, mesmo em meio a correria do dia-a-dia. Na segunda temporada, idem, mas nos momentos caóticos, às vezes ele dava uma surtada (mas todos davam). Porém na terceira, a coisa desanda, porque naquela fixação em conseguir a estrela Michelin, ele se torna uma pessoa altamente perfeccionista, deixando sua equipe exausta e descontente.
Enfim, provavelmente a quarta temporada será a última e estou ansiosa. Acho que finalmente o Carmy vai conseguir lidar com todos esses traumas que ele internalizou por tanto tempo, pois ele está no limite. Ele perdeu a Claire (por não se achar merecedor da felicidade), está brigado com o Richie, e está perdendo a Syd, sua sócia e companheira. Tenho altas expectativas para essa última temporada e queria de verdade que o Carmy socasse aquele chef tóxico e escroto, uma pena.
This place needs me here to start
Em 2024 eu também assisti outras séries bem famosas, tanto antigas como novas. Tentei alimentar minha adolescente interior e comecei a assistir Gossip Girl pela terceira ou quarta vez e percebi que não tenho mais paciência para o drama dessa galera, principalmente o troca-troca de casais a cada 4 episódios. Meu Deus. Nem meu Dair fez eu continuar. Também dei uma nova chance a The Good Place e Desventuras em Série e com essas não me arrependi. Na verdade, quando parei de assistir elas no passado, não foi por não gostar, provavelmente tive algum contratempo, pois ambas são maravilhosas e divertidas.
Das séries da Amazon, achei Gen V bem legal, mas fiquei um pouco decepcionada com a 4ª temporada de The Boys. Ela não me prendeu como as outras, foi uma temporada com mais baixos do que altos. Ainda assim, é sempre um deleite assistir à incrível atuação do Antony Starr como Homelander. Já Anéis do Poder continua incrível, mas confesso que a nostalgia tem um grande peso, porque o quentinho que essa série me dá no coração é imenso. Agora, se é fiel ou não, eu não posso dizer, porque só li um livro do professor Tolkien (O Hobbit). De qualquer forma, é uma série visualmente linda, com personagens bem legais, e é muito interessante acompanhar a trajetória do Sauron e dos anéis, além de ter momentos emocionantes como a morte do Celebrimbor e do Durin pai, ou mesmo quando o Gandalf lembra seu nome. E o que dizer da aparição do Balrog?
Em 2024 também concluí a saga com D1ÁR10S, uma série italiana muito levinha e divertida da Netflix. É bem teen, inocente, e eu adorei a primeira temporada. A segunda fica um pouco aquém, mas ainda vale a pena. Falando ainda de Netflix, Ninguém Quer foi uma delícia de assistir e Um Dia foi uma adaptação incrível, assim como o filme de 2011 (só senti falta da frase da Em: "eu te amo, Dex, só não gosto mais de você". Já Black Doves só vale a pena por conta de algumas atuações, como da minha diva Keira, porque a série é bem capenga.
Papeando rápido sobre os doramas que assisti em 2024, eu gostei de alguns e de outros nem tanto. Acho que meus grandes achados foram Reply 1988 e Hospital Playlist, dois doramas que realmente alegraram minha vida, deixaram tudo mais leve. Dar uma nova chance à True Beauty também foi um acerto, pois compreendi melhor alguns personagens e aceitei melhor o final. Destined With You, Uma Dose Diária de Sol, Uma Família Inusitada, Um Homem sem Filtros e Rainha das Lágrimas foram outros doramas que curti demais. Muito bom assistir algo com a Park Boyoung, a Kim Ji Won e a Chun Woo Hee. A primeira temporada de Alquimia das Almas também é excelente, mas a segunda nem tanto (senti de verdade a saída da Jung So Min).
Dos doramas "por que eu assisti isso?" apresento: O Amor mora ao Lado e Médicos em Colapso. Para você ter ideia, me conectei mais com o ex noivo da protagonista feminina de "O amor mora ao lado", do que com o protagonista masculino. Já Médicos em Colapso é meio esquecível, tanto que esqueci sobre ele, rs.
Enfim, meu 2024 foi até bem agitado de séries e doramas, mas acho que meu 2025 será mais parado. Quero reassistir Cheese in the Trap, e quem sabe, não faço uma resenha aqui? Bom, enquanto isso, bom dia, boa tarde e boa noite.
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